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História / Portugal

Dona Teresa: a primeira monarca de Portugal foi uma mulher!

Dona Teresa de Portugal

Contrariamente ao que é plenamente difundido, não foi D. Afonso Henriques o primeiro rei de Portugal. Essa dignidade coube à sua mãe, a Rainha Dona Teresa.

Dona Teresa

Dona Teresa nasceu em 1080, filha ilegítima de Alfonso VI, rei de Leão e Castela, Imperador da Hispânia e de Ximena Moniz, uma dama castelhana da família dos Bierzos. Passou uma infância feliz na corte do pai, onde apesar de ser ilegítima, teve direito a todas as honras e afeto do seu pai, da sua mãe e do seu avô materno.

No ano de 1094 (ou 1095 segundo outras fontes), foi dada em casamento a Henrique de Borgonha, um nobre cavaleiro Francês, bisneto directo de Roberto II, rei de França (996-1031), ganhando popularidade pela sua valentia na luta contra os Mouros.

Dona Teresa de Portugal
Dona Teresa


Como dote de casamento o casal recebeu o Condado Portucalense, um território Ocidental da Península Ibérica entre os rios Minho e Mondego, na fronteira com o Al-Andalus Muçulmano.

A vida do casal Condal foi bem tranquila nos primeiros anos do seu governo, tanto D.Henrique como D.Teresa tinham igual voz nos negócios do Condado e as famílias nobres do Minho, do vale do Ave e do Sousa receberam com muito agrado os novos Condes, considerados como símbolos de maior autonomia e autodeterminação do Condado Portucalense em relação ao reino de Leão.

De 1096 até 1103 o casal se estabeleceu em Guimarães, mas sempre andando em viagens itinerantes pelo Condado, acudindo a ataques mouros ou se certificando que a lei e ordem eram respeitadas nos seus domínios.

Entre 1103 e 1109 D.Teresa acompanha o marido até Sahagun onde estava a corte do pai Alfonso VI, como se atesta pelos documentos, doações e cartas do monarca Leonês confirmadas por ela e o esposo com suas assinaturas. Devido a estas constantes viagens alguns académicos levantam a hipótese de D.Afonso Henriques, futuro rei de Portugal, ter nascido por volta do ano de 1106 no Reino de Leão e não no Condado Portucalense como se tem acreditado até agora.

De qualquer forma em 1109, após a morte do rei Alfonso VI, os Condes estavam de regresso a Viseu e daí passaram para Coimbra onde os encontramos até 1112, ano da morte do Conde D.Henrique.

Morte do Conde e governo de Dona Teresa

Em 1112 morre D.Henrique durante o cerco de Astorga, um ataque que o Conde tinha planeado após a morte de seu sogro Alfonso VI. Nessa época Leão e Castela caíram no caos político visto que junto com o rei tinha morrido também o seu filho varão, o Infante D.Sancho em 1108, após o cerco ao castelo de Uclés. Com a morte do rei e do seu filho, seria a sua segunda filha, Dona Urraca a herdar o reino.

Dona Urraca estava casada com um primo de D.Henrique: D.Raimundo (ou Raymond em Francês). Desde o início, D.Henrique desafiou esses direitos considerando que por direito de nascimento e nobreza ele próprio tinha mais legitimidade ao trono Leonês do que os seus primos. Na campanha em Astorga D.Henrique viria a encontrar a morte, o que impossibilitou a concretização desse sonho.

Estes acontecimentos empurarram Dona Teresa para o governo do Condado Portucalense, sozinha, com um filho pequenos nos braços mas com o importante apoio político do Arcebispo de Braga e das mais importantes famílias nobres Portucalenses.

Dona Teresa, Rainha de Portugal

A liderança de Dona Teresa foi logo posta à prova em 1116 e 1117, com um violento ataque Muçulmano à cidade fronteiriça de Coimbra, junto ao rio Mondego. Coimbra era uma cidade fundamental no eixo de avanço Cristão no ocidente Ibérico e a sua queda seria trágica para o futuro do Condado. Sabendo isso, Dona Teresa acompanhou e liderou pessoalmente a defesa da cidade com grande sucesso diante de um poderoso exército dos Emires de Sevilha e Badajoz. Ao fim de quase 5 meses de cerco, os Mouros retiraram derrotados.


A vitória Cristã em Coimbra foi de enorme importância e essa notícia correu rápido em Leão e Castela e além-Pirinéus. Prova disso foi a bula Papal de Pascoal II emitida em 1116 que, como reconhecimento da sua vitória em Coimbra, oferece a Dona Teresa o título de Rainha de Portugal: “Tarasia, Regina Portucalensis”. Essa bula é de extrema importância visto que prova sem sombra de dúvidas que a primeira monarca reconhecida pelo Papa foi Dona Teresa, e, ao mesmo tempo, elevou o estatuto do Condado para Reino: “Regnus Portucalensis” ou “Regnus Portucalliae”.

Depois de 1116 Dona Teresa governa então com o título de Rainha, algo que lhe dá outra legitimidade e poder nos negócios Portucalenses e balança o equílibrio de poder com sua meia-irmã, a Rainha Urraca de Leão e Castela. No entanto, esse confronto era inevitável visto que Dona Urraca exigia que Dona Teresa lhe prestasse vassalagem, visto que Dona Urraca era também Imperatriz da Hispânia, logo, com posição superior a todos os outros monarcas Ibéricos.

Dona Teresa vai recusando polidamente essa vassalagem e cimenta ano após ano a independência de Portugal em relação a Leão, criando novas leis e novos forais sem qualquer ligação legal com o reino da irmã. Essa situação era insustentável e em 1120 Dona Urraca decide pôr fim à autonomia da irmã e marcha contra Portugal, cercando Dona Teresa no Castelo de Póvoa do Lanhoso, no Minho.

A Rainha de Portugal se viu numa posição muito delicada, um exército de nobres Portucalenses enviado para levantar o cerco foi derrotado pelas forças Leonesas em muito maior número, no entanto Dona Teresa resistia obstinadamente no castelo e finalmente as duas irmãs chegaram a um acordo no ano de 1121: Dona Urraca levantou o cerco com a garantia de vassalagem de Dona Teresa, que viu o seu título de Rainha mantido.

A chegada dos Cavaleiros Templários

Após 1121 Dona Teresa viu a situação política ficar bem mais tranquila e continuou serenamente a aprofundar os alicerces do futuro Estado Português, criando ainda mais vilas, mais feiras, atraindo novas populações para cidades de fronteira e doando novas terras à Igreja. Algumas dessas doações foram feitas a uma Ordem Militar-Religiosa recém chegada a Portugal: Os Cavaleiros da Ordem do Templo de Salomão, mais vulgarmente conhecidos como…Cavaleiros Templários.

A data da chegada dos primeiros cavaleiros terá sido em 1126 ou 1128, dependendo das fontes. Isso mostra como os Templários depressa se instalaram no Reino poucos anos após o seu aparecimento na Terra Santa em 1119.

A primeira fortaleza doada aos Templários foi o Castelo de Soure, perto de Coimbra, uma região que como já vimos era constantemente assolada por ataques Muçulmanos.

A revolta do filho de Dona Teresa

Desde há alguns anos D.Teresa tinha um relacionamento amoroso com Bermudo Peres de Trava, um nobre Galego com várias ligações familiares e propriedades no Minho e Douro. A relação da Rainha, embora já viúva, com um nobre de tamanha importância não seria motivo de grande espanto não fosse o caso do casal não fazer intenção de se casar, e não fosse o fato de algures no meio da relação Dona Teresa ter terminado com Bermudo e o ter trocado pelo seu irmão mais novo, Fernão Peres de Trava.

Um escândalo na época estas liberalidades de D.Teresa, ainda para mais numa dama dos seus já 30 e muitos ou 40 e poucos anos de idade. Esses comportamentos de D.Teresa levaram a uma violenta crítica do Arcebispo de Braga que em plena missa na Sé Catedral da cidade terá exclamado: “Assim não ó gentes! Ou se casa ou vai aqui o capeta”!…A Rainha pegou no seu amante e saiu furiosa da missa!

Quem também não achou piada nenhuma aos amores da mãe foi D.Afonso Henriques, então já nos seus 17 anos. O sangue da adolescência fervia e “picado” pelos nobres Minhotos e Transmontanos que também não estavam a gostar das relações de D.Teresa com Fernão Peres de Trava, visto as suas ambições políticas terem entrado em rota de colisão com os interesses independentistas dos nobres Portucalenses.

Essa rebeldia do filho culminou na batalha de São Mamede perto de Guimarães em 1128. As tropas de D.Afonso Henriques obtiveram uma retumbante vitória contra a hoste de D.Teresa e de Fernão Peres de Trava. A coroa tinha caído da cabeça da Rainha e ela retirou-se para a Galiza, fechando-se no Mosteiro de Toxosoutos onde morreria em 1137.

D.Afonso Henriques, então com 18 anos não se atreveu a pegar na coroa caída da cabeça da mãe, desde 1128 até 1139 o jovem Infante assinou como “Príncipe de Portugal” (Princeps Portucalenses) ou apenas como Infante (Infans). Seria prudência política? Seria receio da reacção de seu primo, o novo rei Alfonso VII de Leão e Castela? Ou seria consciência pesada pelo tratamento dado à sua mãe? Quem sabe, seria um pouco de tudo isso.

Apenas após a vitória na Batalha de Ourique D.Afonso Henriques tomou o título de Rei…mas não foi o primeiro como muitos de nós ainda julgamos. Viva Dona Teresa!! Viva a Rainha!!

Fontes e Créditos: Texto utilizado Pedro Alves (adaptado aqui como resumo) com a gentileza da autorização da página no Facebook Repensando a Idade Média (facebook.com/RepensandoMedievo)

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